Depois de mais um hiato magnífico, cá me encontro novamente.
É estranho como essa minha falha é circular, e enervantemente (ah, os neologismos) previsível. Coisas previsíveis, porém, nem sempre são ruins. Existe um certo valor na familiaridade do lugar-comum, que não deve ser subestimada – afinal, existe uma razão para tal lugar ser tão freqüentado. Provavelmente, aliada à falta de vergonha, essa poderia ser uma das grandes razões do plágio.
O plágio é uma das formas mais peculiares de circularidade – e de lisonja, ouvi dizer. Devo confessar um certo orgulho ao ser plagiado. Sempre que ouço alguém falar de como usou um personagem que criei, um desfecho que apliquei ou uma história que contei sinto-me parte de um mundo mais largo, mais rico de alguma forma. Me sinto apreciado. Esta é a palavra, creio eu.
Apreciação também é uma forma de circularidade. Vou arriscar e dizer aqui que não apreciamos aquilo que não nos é familiar. Plagiando um de meus escritores favoritos, amamos aquilo que conhecemos, e cada pedaço de “realidade” que nos é exposto para julgamento, é sujeito a uma tentativa de conexão de nossa parte, de criar familiaridade. Às vezes é fulminante, como ouvir a música certa ao sair do banho, que te leva para dez, vinte anos atrás e faz você pensar “Eu conheço isso – isso foi meu e agora é de novo“. Esse efeito, de conhecer e reconhecer, é que torna a apreciação circular.
Então que chego onde gostaria de estar há três parágrafos atrás. Li, como abertura de um tumblr de uma pessoa que não conheço, o seguinte trecho:
“If I had a world of my own, everything would be nonsense. Nothing would be what it is, because everything would be what it isn’t. And contrary wise, what is, it wouldn’t be. And what it wouldn’t be, it would.
You see?“
Yes.
Yes I do.